Resumo Histórico
A Igreja de Santo António, também conhecida por Capela da Misericórdia, é o templo do antigo Convento de Santo António, fundado no ano de 1527, por Frei António de Buarcos, — rellogiozo de grande vertude — com o apoio dadivoso de D. João III e D. António Fernandes de Quadros, Senhor de Tavarede, ali sepultado em 1540, por vontade testamental — «e mando também ao sucessor do Morgado que faça a sua própria custa o coro dos frades e que ainda consertará e reparará a obra, isto é, o telhado e a gateira, se a houvesse, ordenando-lhe também que, se os frades mandassem vir de Flandres retábulo para a dita capela, lhes desse 20 cruzados».
Ao longo da sua existência multi-secular viveu a paz e a guerra, a abastança e a miséria, decorrentes da história pátria.
Em 1580, foi devassada por tropas de Filipe II de Espanha, que praticaram roubos e atropelos, na sanha perseguidora ao paladino da independência nacional D. António Prior do Crato que, segundo boatos, ali se teria acoitado.
Em 1602, novamente a fúria guerreira quebrou a serenidade franciscana dos seus claustros. Dessa vez, por obra de tropa inglesa, em luta contra a coroa unida de Espanha e Portugal. Desembarcados, de sete naus, em Buarcos, saquearam as povoações cercãs, fazendo do Convento poiso e fortaleza pelo espaço de uma semana.
Durante muitos anos, funcionou no Convento uma escola, dirigida pelos frades, onde se instruíram gerações de figueirenses, entre os quais o mais ilustre – Manuel Fernandes Tomás.
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o Convento entrou em decadência, vindo a ser adaptado a hospital, pela Misericórdia local (fundada em 1839), depois de importantes obras que se prolongaram até 1886 e que lhe alteraram totalmente a traça primitiva.
Em 1982 foi, por sua vez, o velho Hospital da Misericórdia adaptado a lar da terceira idade, o actual Lar de Santo António, conservando daquele apenas a fachada principal, neo-clássica, própria do século passado.
A Igreja, anexa ao Convento, foi construída por volta do ano de 1536, segundo inscrição visível no lado direito do arco da capela-mor, e sofreu sucessivas alterações, ampliações e restauros, ao gosto das épocas, as mais importantes das quais ocorreram em 1725 (data inscrita no arco da frontaria), 1886 e 1894.
Pelo ambiente monacal que ainda conserva, pelas variadas e valiosas obras de arte que possui, pela antiguidade (o monumento mais antigo da Figueira da Foz), pela tradição que o envolve e pelo particular carinho que a população local devota ao seu Patrono, cuja evocação enche toda a Igreja, vale a pena visitar, com olhos de ver e de sentir, a Igreja de Santo António.
Foi classificado de «Imóvel de Interesse Público» pelo Decreto 95/78 de 12 de Setembro.
BIBLIOGRAFIA
Existe numerosa bibliografia sobre o assunto na Biblioteca Municipal, tal como vem referida no n.0 11 da colecção «Cadernos Municipais».